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Sabrina Sato, Virgina, MC Daniel: Veja famosos diagnosticados com TDAH - PeoplePop

Sabrina Sato, Virgina, MC Daniel: Veja famosos diagnosticados com TDAH

O médico João Borzino explicou tudo sobre a condição neurológica que atinge adultos e crianças

No Brasil, quase 6 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos sofrem do chamado TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Diversas celebridades estão entre eles. Veja algumas:

Sabrina Sato

A apresentadora revelou em 2021 que foi diagnosticada com TDAH. Na época, ela disse que sempre desconfiou que tinha o transtorno pela inquietude e pelas ideias que invadiam sua cabeça. “Eu conseguia prestar atenção em muita coisa ao mesmo tempo”, disse.

Fiuk

Em entrevista antiga ao “Fantástico”, da Globo, o ex-BBB revelou que seu diagnóstico de déficit de atenção veio quando ele ainda era adolescente. Entre os seus sintomas estava a falta de atenção a detalhes e esquecimentos.
“Cheguei a pensar loucuras, que eu era burro, que o que eu tinha era algum tipo de deficiência mesmo”

MC Daniel

Recentemente, o cantor usou suas redes sociais para revelar que recebeu o diagnóstico de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

“Há dois meses atrás eu fui diagnosticado com TDAH, Transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade, fui a um psiquiatra e isso mudou a minha vida. Hoje eu sou um cara mais calmo, tenho um pouco mais de clareza das coisas que me atrapalhavam antes (…)”, disse o funkeiro.

Zé Felipe

O marido de Virginia Fonseca contou em seu Instagram que foi diagnosticado na infância e desde então faz uso de medicamentos.

“Eu descobri quando era novinho, nem estava na escola ainda, com uns 9 anos. Não parava quieto, né, tinha agitação, era disperso. Comecei a fazer um tratamento, fui ao médico, claro, e aí controlo”, afirmou o marido de Virginia Fonseca e filho de Leonardo.

Tatá Werneck

A apresentadora Tatá Werneck compartilhou seu diagnóstico em 2016. No entanto, a artista decidiu não seguir com o tratamento medicamentoso, pois um especialista a alertou sobre a possibilidade de perder a habilidade de improvisar, algo que é essencial em sua carreira. Por conta disso, ela não dirigi.

“Tenho um déficit de atenção muito sério. Já bati várias vezes. Na última, estava acompanhando o percurso de um passarinho e acertei uma van”, contou a apresentadora em um programa antigo no Multishow.

Virginia Fonseca

A apresentadora revelou no Instagram recentemente que foi diagnosticada com TDAH. O vídeo foi gravado com o marido Zé Felipe. “Quem foi ao médico e descobriu que tem TDAH também?”, perguntou o cantor na rede social.
“Sim, fui diagnosticada com TDAH e hiperatividade. Acho que essa parte todo mundo sabia, né?!”, completou a influenciadora na legenda do stories do marido, que republicado em seu perfil.

Ana Hickmann

Ao responder ao deboche de um internauta que sugeriu que a apresentadora procurasse uma fonoaudióloga, Ana Hickmann revelou que tem TDAH

“O que eu tenho é TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade], diagnosticado há muitos anos, trato, e fono eu faço desde o dia que eu comecei aqui na Record. Está bom assim?”, questionou ela.

O médico João Borzino diz que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neurológicas mais estudadas nas últimas décadas — e, paradoxalmente, uma das mais mal compreendidas. “À medida que cresce a atenção do público para o tema, aumentam também os mitos e diagnósticos apressados. É fundamental esclarecer o que é realmente o TDAH, como se diagnostica e trata, e quem, de fato, convive com esse transtorno”, destaca.

Ele explica que o diagnóstico de TDAH é clínico. “Isso significa que ele não depende de exames laboratoriais ou de imagem. O profissional avalia a presença de sintomas específicos, como desatenção, impulsividade e hiperatividade, que precisam estar presentes por pelo menos seis meses, em diferentes contextos (como casa e escola ou trabalho), e causar prejuízo real na vida da pessoa”.

De acordo com o médico, no caso de crianças, o diagnóstico exige relatos consistentes de pais e professores. “Em adultos, usamos entrevistas estruturadas e escalas de autorrelato, sempre considerando o histórico desde a infância — pois o TDAH não começa na vida adulta”.

João Borzino afirma que somente profissionais de saúde mental qualificados podem diagnosticar TDAH. “Isso inclui psiquiatras, psicólogos e neurologistas com experiência no transtorno. Pedagogos ou coaches, por mais bem-intencionados que sejam, não estão habilitados para isso. Diagnóstico exige formação técnica e responsabilidade clínica”.

Sinais do TDAH na infância e na vida adulta

Na infância, os sinais mais comuns são dificuldade em manter a atenção, esquecer tarefas, agitação motora, falar excessivamente e interromper os outros. A criança parece estar “no mundo da lua” ou “ligada no 220 volts”, de acordo com Borzino.

“Na vida adulta, o TDAH muda de forma. A hiperatividade física pode dar lugar à inquietação interna e à impulsividade nas decisões. A dificuldade de organização, a procrastinação crônica, problemas em manter relacionamentos e desempenho inconsistente no trabalho são comuns. Muitos adultos não percebem que lutam com o transtorno desde a infância até enfrentar grandes perdas ou esgotamento”, diz o médico

De acordo com João Borzino há um excesso de diagnóstico de TDAH. Para ele, a popularização do TDAH nas redes sociais trouxe mais informação — mas também desinformação.

“Muita gente confunde distração cotidiana, estresse ou sobrecarga digital com TDAH. Só porque alguém se sente desatento ou ansioso não significa que tenha o transtorno. O risco de banalizar o diagnóstico é desvalorizar quem realmente sofre com ele”,

João Borzino esclarece que o tratamento mais eficaz é multimodal. Isso significa combinar abordagens:

• Medicação estimulante (como metilfenidato ou anfetaminas) é o pilar mais consistente, com décadas de evidência.
• Psicoterapia cognitivo-comportamental ajuda a desenvolver estratégias de organização, controle de impulsos e planejamento.
• Educação sobre o transtorno, ajustes no ambiente escolar ou de trabalho, e apoio familiar são igualmente essenciais.

“TDAH não tem cura, mas tem manejo. Com o tratamento adequado, a maioria das pessoas melhora significativamente sua qualidade de vida”, diz.

O especialista relata que a relação entre alimentação e TDAH é um tema cercado por especulações. “A verdade é que, embora a dieta possa influenciar o comportamento de forma geral, ela não é causa do TDAH, nem é capaz de “curar” o transtorno. O TDAH é uma condição neurobiológica com forte base genética”.

Segundo Borzino, três pontos merecem atenção:
1. Sensibilidades alimentares específicas
Algumas crianças — uma minoria — podem apresentar piora dos sintomas ao consumir certos corantes artificiais ou aditivos alimentares. Isso não se aplica à maioria dos casos, e não justifica restringir a dieta sem orientação.
2. Deficiências nutricionais
Baixos níveis de ferro, zinco, magnésio e ômega-3 foram associados a pior regulação da atenção. Suplementar esses nutrientes, se houver deficiência comprovada, pode ter um efeito modesto.
3. Dieta equilibrada favorece o funcionamento cerebral
Uma alimentação saudável, rica em vegetais, proteínas e com pouco açúcar refinado, ajuda no bem-estar geral e pode melhorar a resposta ao tratamento.
Em resumo: alimentação é coadjuvante, não protagonista.

O uso excessivo de telas não causa TDAH, mas pode agravar bastante os sintomas em quem já tem o transtorno, aponta o médico. “Isso porque o cérebro com TDAH busca estímulos imediatos e recompensas rápidas — exatamente o que as telas oferecem. O resultado é um ciclo de desatenção, impulsividade e prejuízo funcional”.

Ele aponta o que pode fazer piorar os sintomas do TDAH com o uso excessivo:
• Aumento da desatenção em tarefas sem estímulo digital.
• Piora do sono.
• Mais impulsividade e dificuldade de controle.
• Menos tempo para atividades essenciais como leitura, esportes e convívio social.
O que fazer:
• Estabelecer limites de tempo de tela.
• Evitar telas antes de dormir.
• Priorizar atividades offline e estruturadas.
• Monitorar o tipo de conteúdo consumido.

“Regular o uso de telas não resolve tudo, mas ajuda muito no controle dos sintomas’, esclarece o médico .

João Borzino enfatiza que o TDAH não é um “superpoder”. “É um transtorno real, com impacto funcional significativo quando não tratado. Mas quando bem conduzido — com tratamento, estratégias, apoio e autoconhecimento — a pessoa pode transformar desafios em pontos fortes”

Ele apontou algumas vantagens frequentemente relatadas:
1. Criatividade e pensamento fora da caixa
Pessoas com TDAH muitas vezes conectam ideias de forma não linear. Esse tipo de pensamento divergente pode ser útil em áreas criativas, inovação e resolução de problemas.
2. Alta energia (quando canalizada)
Quando conseguem se engajar em algo que realmente as interessa, pessoas com TDAH podem ter uma energia intensa e uma produtividade surpreendente — o que chamamos de “hiperfoco”. Isso pode ser uma vantagem em projetos de curto prazo ou em ambientes dinâmicos.
3. Capacidade de improvisar
A impulsividade, quando bem gerida, pode se manifestar como capacidade de tomar decisões rápidas, lidar com imprevistos e se adaptar em situações incertas — algo valorizado em muitos contextos, como empreendedorismo e áreas criativas.
4. Empatia e sensibilidade
Muitos relatam que, por viverem na pele a luta com foco, críticas e pressão, desenvolvem mais empatia e escuta ativa — qualidades humanas valiosas em relações e liderança.
5. Persistência em ambientes flexíveis
Fora de sistemas muito rígidos (como escolas tradicionais), pessoas com TDAH bem acompanhadas podem florescer em rotinas flexíveis, como carreiras autônomas, artes, vendas, tecnologia ou empreendedorismo.

“TDAH não é uma vantagem por si só. Mas, quando a pessoa entende seu funcionamento, trata os sintomas, e adapta seu ambiente e escolhas, pode sim usar seus traços a favor. O segredo está em conhecimento, tratamento e estratégia — não em força de vontade pura”, conclui.