Por Elaine Curiacos – Terapeuta, Mentora e Especialista em Conexão Corpo-Mente Há um momento na vida em que a casa permanece em silêncio mesmo depois do café da manhã. Os quartos ficam arrumados por dias, a louça diminui, e o barulho dos filhos se transforma em lembrança. Sobra tempo, a correria parece diminuir e a sensação é que está sendo menos necessária. A porta da frente se abre cada vez menos, e no peito ecoa uma pergunta: e agora, quem sou eu?
Esse fenômeno, conhecido como síndrome do ninho vazio, vai muito além da saudade dos filhos que saíram de casa. É, para muitas mulheres, o ponto de ruptura entre a vida vivida para os outros e o chamado para reencontrar a si mesma. É um convite para ir buscar partes de nós que que deixamos para traz e resgatar nossa essência. Voltar a viver a nossa própria vida.
Estudos mostram que o cérebro feminino passa por profundas mudanças hormonais e emocionais na fase da meia-idade. A queda nos níveis de ocitocina, dopamina e estrogênio, associada à ausência de demandas constantes dos filhos, ativa áreas do cérebro ligadas à tristeza, vazio e desorientação de papéis. É como se uma parte da identidade estivesse sendo dissolvida — e, na verdade, está.
Mas isso não é o fim. É o início de uma nova fase neural, emocional e existencial. O cérebro tem plasticidade: pode aprender, reconstruir, descobrir novos prazeres, projetos e formas de viver com propósito. Agora com mais maturidade, disponibilidade e tempo para buscar um propósito maior.
A Fase da Alma Feminina: Da Mãe para a Sábia
Na psicologia arquetípica, essa fase representa a transição da Mulher-Mãe para a Mulher-Sábia. A que já acolheu o outro por anos, agora é chamada a acolher a si mesma. Não se trata de perder a identidade, mas de renascê-la. De se reencontrar. De se acolher, quando se abandonou por muitos anos, muitas vezes.
A mulher que cuidou de todos agora precisa voltar a cuidar de quem ela era antes dos filhos — e principalmente, quem ela deseja ser a partir de agora.
Metáfora: A Árvore que Perdeu Suas Folhas
Como uma árvore no outono, a mulher do ninho vazio sente-se despida. Seus ramos antes cheios de vida agora balançam no vento da incerteza. Mas a natureza é sábia: a queda das folhas não é sinal de morte, é sinal de preparo para florescer de novo.
Esse “vazio”precisa ser visto como fértil. É o solo onde nascem novos sonhos, cursos, paixões, amizades, viagens, empreendimentos, propósitos. Só precisa ser regado com tempo, escuta e cuidado próprio.
• Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1 em cada 5 mulheres entre 40 e 60 anos sofre de depressão ou ansiedade não diagnosticada.
• Estudos da UFRGS mostram que a maioria das mulheres que vivem o ninho vazio relata sensação de perda de identidade e inutilidade.
• E mais de 60% dizem que nunca fizeram terapia, mas sentem necessidade de falar de si e resgatar sua autoestima.
Soluções Práticas para Reencontrar-se
1. Redescubra seus interesses: Faça uma lista do que você gostava de fazer antes dos filhos. Resgate hobbies, cursos, viagens ou livros que ficaram na gaveta. Sonhos que abriu mão que pode resgatar, adaptar ou até mesmo substituir.
2. Mova o corpo com intenção: Caminhadas, dança, yoga ou qualquer prática que conecte você com o seu corpo e que te devolva para o agora. Algo que sinta prazer em fazer.
3. Crie uma nova rotina para si mesma: Comece o dia com um café só seu, faça algo para você comer que gosta, use uma frase de gratidão ou uma música que te inspire.
4. Cerque-se de outras mulheres em movimento: Roda de conversa, mentoria, grupo terapêutico. A cura é mais leve quando é compartilhada.
5. Peça ajuda profissional: Terapia não é para quem está doente. É para quem está pronta para florescer de novo. É autoconhecimento. É cura.
Você passou a vida sendo o porto seguro de todos. Agora é hora de ser o seu próprio lar.
O QUE AINDA VIVE EM VOCÊ E ESTÁ ESPERANDO PARA SER DESPERTADO?
Se essa leitura tocou seu coração e você sente que está pronta para redescobrir sua identidade, sua força e seu propósito, eu te convido a iniciar esse caminho comigo.
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