Dra. Fernanda Cruz destaca perca de massa magra e outras deficiências nutricionais. “Não sou contra, mas não pode ser usado sem acompanhamento médico e de um nutricionista, só assim você vai emagrecer com saúde”, destaca.
O uso crescente das chamadas “canetas emagrecedoras” — medicamentos análogos de GLP-1 indicados para o tratamento da obesidade — tem levantado preocupações entre profissionais da saúde. Embora prometam uma perda de peso rápida e sem esforço, especialistas alertam para os potenciais riscos que o uso indiscriminado dessas substâncias pode trazer ao organismo.
“A promessa de emagrecimento fácil pode parecer tentadora, mas os efeitos colaterais e as consequências a longo prazo merecem atenção redobrada”, afirma a nutricionista Dra. Fernanda Cruz, que vê com preocupação o uso disseminado desses medicamentos sem o devido acompanhamento profissional.
Um dos principais problemas observados é a perda significativa de massa magra. Essa massa — composta por músculos, ossos e órgãos — é vital para a manutenção do metabolismo basal, da força física e da saúde geral.
“A perda muscular reduz o metabolismo, o que pode dificultar ainda mais o emagrecimento ao longo do tempo”, explica a nutricionista. Segundo ela, a diminuição da massa muscular também pode gerar fraqueza, fadiga, e em casos mais graves, sarcopenia — condição que compromete a qualidade de vida e aumenta o risco de quedas e fraturas.
Além da perda de massa magra, as canetas emagrecedoras costumam suprimir o apetite, o que pode levar a uma ingestão alimentar inadequada e, consequentemente, a deficiências nutricionais. “A carência de nutrientes como ferro, vitamina B12 e vitamina D interfere diretamente na produção de energia, resultando em cansaço constante e até alterações no funcionamento celular”, explica.
Os efeitos colaterais também se manifestam no trato gastrointestinal. Constipação, náuseas, diarreias e vômitos são queixas comuns, especialmente em pacientes que não possuem indicação clínica para o uso desses medicamentos. “Quando utilizados fora das recomendações, esses sintomas podem se intensificar e persistir, afetando diretamente a qualidade de vida do paciente.”
Dra. Fernanda destaca ainda que as deficiências nutricionais severas podem comprometer funções importantes do organismo: “O corpo começa a emitir sinais claros de que algo não vai bem: queda de cabelo, unhas fracas, problemas de pele, cansaço extremo e alterações hormonais que dificultam ainda mais o controle de peso.”
Outro ponto crítico é a desregulação hormonal. Segundo a nutricionista, o uso descontrolado das canetas pode interferir na produção de hormônios relacionados à saciedade, fome e metabolismo, instaurando um ciclo vicioso de perda e ganho de peso. “O corpo entra em desequilíbrio, prejudicando a saúde metabólica e até a reprodutiva”, completa.
Para evitar tais consequências, a especialista reforça a importância de um trabalho em equipe. “O emagrecimento saudável exige acompanhamento médico e nutricional. É uma construção que deve ser feita com base no conhecimento técnico e com foco na reeducação alimentar e na sustentabilidade dos resultados”, defende.
Dentre os cuidados necessários durante o uso das canetas, estão:
- Avaliação do estado nutricional, para identificar deficiências e ajustar a alimentação;
- Preservação da massa magra, com uma dieta rica em proteínas e nutrientes estratégicos;
- Minimização dos efeitos colaterais, por meio de ajustes alimentares e suplementação, quando necessário;
- Promoção de hábitos saudáveis, principalmente para garantir a manutenção do peso após a interrupção do medicamento.
A Dra. Fernanda também orienta sobre os grupos alimentares que devem ser priorizados:
- Proteínas de alta qualidade: carnes magras, peixes, ovos, leguminosas, tofu — essenciais para a manutenção da musculatura;
- Carboidratos complexos: arroz integral, quinoa, aveia, batata-doce, inhame — fontes de energia sustentada, ricas em fibras, vitaminas do complexo B e C;
- Gorduras boas: azeite de oliva, abacate, castanhas, sementes e peixes gordurosos, como salmão e sardinha, ricos em ômega-3;
- Fibras e compostos bioativos: frutas, legumes, verduras, gengibre, cúrcuma, chás, que ajudam na regulação da flora intestinal e têm ação anti-inflamatória;
- Probióticos naturais: iogurte natural, kefir e alimentos fermentados, que contribuem para uma microbiota intestinal saudável.
“Esses alimentos são aliados poderosos na preservação da massa magra e na prevenção de deficiências nutricionais. E o mais importante: eles promovem saúde de forma integral, respeitando o ritmo do corpo”, enfatiza.
Apesar dos resultados rápidos, as canetas emagrecedoras não devem ser encaradas como solução isolada. “Elas são apenas uma ferramenta. O sucesso no emagrecimento passa por uma mudança verdadeira de hábitos, com alimentação equilibrada, prática de atividade física e suporte emocional e profissional adequado”, conclui a Dra. Fernanda Cruz.
Foto: Carlo Locatelli / F Press.
