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Estudo relaciona envelhecimento da pele com a perda de massa muscular - PeoplePop

Estudo relaciona envelhecimento da pele com a perda de massa muscular

A médica Isabel Martinez explica por que este assunto é tão importante para mulheres na menopausa

Muita gente ainda trata a pele e o músculo como mundos separados. Mas uma linha de pesquisa crescente — e muito interessante — vem conectando esses dois universos. A pergunta que me move é simples e poderosa: a sua pele está afinando só pelo envelhecimento… ou também porque você está perdendo músculo?

Um estudo transversal publicado em 2025 trouxe esse tema para o centro da conversa. Pesquisadores avaliaram 66 pessoas entre 40 e 80 anos, medindo por ultrassom a espessura total da pele (epiderme + derme) em quatro regiões — perna, mão, antebraço e braço. Resultado? Quem estava em pré-sarcopenia já tinha pele mais fina na perna e na mão em comparação aos controles. Em quem apresentava sarcopenia, o afinamento aparecia também no antebraço e no braço. Mesmo ajustando por idade, sexo e IMC, a associação entre sarcopenia e pele mais fina permaneceu. E houve ainda uma correlação positiva entre força de preensão manual e espessura da pele na perna. Em outras palavras: menos músculo e menos força tendem a caminhar junto com pele mais fina (Archives of Dermatological Research, 2025; DOI: 10.1007/s00403-025-03923-7).

Segundo a médica Isabel Martinez, vivemos a década em que caminhamos para um bilhão de mulheres na menopausa. Ela diz que, nesse cenário, falar de sustentação cutânea sem falar de massa e força muscular é olhar só metade do filme.

“A perda progressiva de músculo (sarcopenia) reduz a “arquitetura de suporte” que dá base à pele — pense na fáscia, na tensão mecânica, na comunicação entre tecidos. Se o alicerce cede, o revestimento sofre. No consultório, quando alguém chega “por flacidez”, a intuição de muita gente é atacar apenas a superfície: lasers, bioestimuladores, ultrassom microfocado, injetáveis. Tudo isso tem lugar — e eu uso —, mas não basta se ignorarmos o que sustenta por baixo. A visão Climex é justamente conectar pontos que costumam ficar separados: pele, músculo, hormônios, sono, nutrição, mente. Pensar fora da caixa, com ciência, para entregar resultado de verdade”, afirma.

O que esse estudo muda na prática, de acodo com a médica:

* Avaliação dupla: além de examinar pele, avalio força (preensão manual é um bom começo), composição corporal e hábitos. Para algumas pacientes, peço ultrassom também como ferramenta de acompanhamento.
* Tratamento em camadas: protocolo cutâneo + protocolo de músculo. Um sem o outro perde potência.
* Métricas que importam: não olhe só para “antes e depois” em foto. Acompanhe força, circunferência magra e, quando possível, espessura dérmica.
Por onde começar (sem modismos)
1. Treino de força 2–4x/semana. Priorize movimentos básicos (agachar, empurrar, puxar, levantar). É o tratamento número um para sarcopenia.
2. Proteína suficiente ao longo do dia. Distribuir bem as porções melhora a síntese muscular. O ideal é individualizado — converse com seu profissional.
3. Sono e recuperação. Sem isso, a pele inflama e o músculo não consolida.
4. Sol inteligente e skincare de base. Fotoproteção diária, vitamina A e ativos pro-colágeno fazem diferença — mas rendem mais quando o “andaime” está forte.
5. Tecnologia com propósito. Lasers, radiofrequência e bioestimuladores funcionam melhor num terreno com músculo ativo; calibramos energia, número de sessões e expectativas com isso em mente.

“Se a espessura da pele se relaciona à força e ao músculo — como sugere o estudo —, talvez a pergunta certa no espelho não seja “qual creme falta?”, mas “quanto de músculo eu perdi nos últimos anos?”. Em mulheres no climatério e na menopausa, essa resposta muitas vezes explica a flacidez que “não cede” mesmo com bons protocolos cutâneos”, explica.

Isabel Martinez destaca que isso não significa abandonar os tratamentos da pele. Significa potencializá-los. “Pele bonita não é truque: é ecossistema. Quando tratamos pele e músculo, a curva de resultado muda — a textura melhora, a sustentação volta, o contorno ganha definição e a manutenção fica mais inteligente (e previsível).

Ela diz que como médica e cientista, sempre acreditou que todas as estruturas importam. “Agora, com dados apontando para essa correlação entre sarcopenia e espessura cutânea, fica ainda mais claro: cuidar da pele começa no músculo. E, para um mundo com um bilhão de mulheres atravessando a menopausa, essa é uma estratégia de saúde, longevidade e autoestima.Na próxima vez que você pensar em “firmar a pele”, lembre do fundamento: pele firme começa no músculo”.