Barra
Do quilombo para a maior parada do mundo: conheça Ulisses Ponei. - PeoplePop

Do quilombo para a maior parada do mundo: conheça Ulisses Ponei.

Criador de conteúdo e estudante de Relações Públicas participou da Parada LGBTQIA+ de São Paulo e destacou a importância da representatividade dos povos tradicionais nos grandes eventos do país.

Música alta, leques no ar, bandeiras por todos os lados e muita alegria. Na Avenida Paulista, o clima era de festa, mas também de resistência. A Parada do Orgulho LGBTQIA+ 2025 levou mais de 4 milhões de pessoas às ruas de São Paulo, sendo consolidado mais uma vez como o maior evento do gênero no mundo.

Dentre as milhares de bandeiras estendidas, uma em especial chamava a atenção em um dos trios elétricos. Nela, em letras firmes estava escrito: “O orgulho também é quilombola.” Foi ali que Ulisses Ponei apareceu. Influenciador, estudante de Relações Públicas e morador da comunidade quilombola Águas do Velho Chico, em Orocó (PE), ele subiu pela primeira vez no trio com sorriso no rosto, passos firmes e a autenticidade que já virou marca registrada.


Conhecido nas redes sociais pelo bordão “seu quilombola favorito”, Ulisses compartilha uma rotina com leveza, sinceridade e uma estética que ele define como “jeitinho quilombola”. Com vídeos de lifestyle, trends e os populares “arrume-se comigo”, os conteúdos do quilombola já somam mais de meio milhão de visualizações mensais no Instagram.

E com essa missão de ocupar novos espaços, o influencer tem conquistado com carisma marcas como Natura, Kopenhagen, Avon e L’Oréal Paris. Além de participar de festivais como Rock in Rio e Lollapalooza. “Estar aqui não é só sobre mim. É sobre mostrar que quilombolas não são só estatísticas do IBGE. A gente tem vida, tem futuro e tem muita diversidade”, disse Ulisses.

Ao relembrar o passado, ele afirma que cresceu sem referências LGBTQIA+ dentro do quilombo. “Minha única referência LGBT no quilombo era Ralfi. Foi abandonado pela família, vivia sem portas e janelas, e morreu por homofobia em uma cidade vizinha. Depois dele, só conheci a Iky e a Thamara Foz no ensino fundamental, quando me mudei para São Paulo”, contou.

A história do quilombola também é feita de encontros, coragem e escolhas que foram decisivas. Ele saiu do quilombo, abraçou a cidade grande, sem esquecer de onde veio. Levou a vivência para o digital, a autenticidade para os palcos e transformou a própria existência em referência. Tudo isso sem deixar de ser quem é.

De Águas do Velho Chico à Avenida Paulista, Ulisses Ponei não apenas ocupa.
Ele representa e transforma.