A médica e pesquisadora Isabel Martinez relata um aumento de mulheres sofrendo com esse efeito colateral em seu consultório
Nós últimos tempos, medicamentos Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) se popularizam por serem fortes aliados no emagrecimento. Mas um efeito colateral indesejado vem chamando a atenção dos especialistas: a queda de cabelo.
A médica e pesquisadora Isabel Martinez, diz que nos últimos meses, tem recebido, com frequência crescente, mulheres em seu consultório assustadas com uma queda capilar acentuada, muitas vezes sem explicação aparente.
“São pacientes que, ao aprofundarmos a conversa, revelam um ponto em comum: o uso recente das chamadas “canetas emagrecedoras”, medicamentos à base de agonistas de GLP-1, amplamente divulgados e utilizados para perda de peso.
Embora eficazes no controle da saciedade e no emagrecimento, esses medicamentos, ainda relativamente novos no mercado, têm revelado efeitos colaterais que nem sempre recebem a devida atenção — e a queda de cabelo é um deles”, diz ela.
“O mais alarmante é que essa queda capilar frequentemente não está relacionada à alopecia androgenética. Trata-se de uma eflúvio telógeno significativo, em que os fios entram prematuramente na fase de queda, resultado de alterações abruptas no metabolismo, perda de nutrientes essenciais e, claro, dos impactos hormonais que muitas vezes não são considerados no momento da prescrição”, completa.
Segundo Dra. Isabel Martinez, nas mulheres em menopausa, esse efeito se intensifica. “A queda de estrogênio característica dessa fase da vida compromete diretamente o chamado “privilégio imunológico” do folículo piloso. Em outras palavras, o cabelo, que antes era protegido, torna-se vulnerável à inflamação e à queda. Quando somamos esse cenário ao uso das medicações emagrecedoras, o resultado pode ser devastador para a autoestima e saúde capilar da paciente”.
Ela diz por isso que defende, como médica e como mulher que vivenciou o climatério de forma precoce, que o acompanhamento médico precisa ser multiprofissional, cuidadoso e individualizado. “Não basta prescrever a medicação e acompanhar o peso na balança. É preciso olhar a paciente como um todo — sua biologia, sua fase hormonal, seu histórico capilar, sua nutrição, suas expectativas”, explica.
A médica explica que para essas mulheres, os tratamentos que utilizam envolvem desde abordagens orais e tópicas personalizadas até tecnologias em consultório, como a laserterapia.
“Sempre com o foco no reequilíbrio do organismo e na recuperação da saúde dos fios.
Mais do que alertar sobre os efeitos colaterais de uma medicação em alta, escrevo hoje para defender o equilíbrio. Em tempos de soluções rápidas, precisamos lembrar que saúde não se trata apenas de números na balança — mas da harmonia entre corpo, mente e autoestima. Cuidar de si é um ato de presença. E quando bem acompanhadas, as mulheres florescem, inclusive nos cabelos”, finaliza.